26 junho 2011

Desabafo

    "Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam, e essa abstinência uma hora vai passar..."
    (Pitty - Na sua estante)
    Já menti muitas vezes pra mim mesmo.
    Dizia sempre que ia mudar, não ia mais viver em função dos gostos que não fossem os meus.
    Deixei de acreditar em mim e cai na conformidade de viver submisso a regras sem sentidos.
    Não quero mais isso, não quero mais ser quem eu não sou.
    Não quero viver fingindo ser o filho exemplar.

    O que eu quero é dar um basta.
    Eu quero andar pra frente e não olhar pra trás, quero cometer os meus erros que até agora são apenas mentais.
    Não me importo com consequências, pra mim tanto faz, vivo em uma rotina e qualquer mudança já me satisfaz.

    Não quero ir pra igreja procurar a minha salvação, foda-se os meus parentes a minha visão é idependente e não vou mudar, não quero mais negar, aceitei tudo o que foi me dito sem reclamar e agora escutem o que tenho a dizer, EU NÃO VOU MUDAR.

    Não quero o abandono o que eu quero é espaço, se afastem de mim ou mando todos para os ares. Não quero mais saber de apego, eu curto muito um desapego parental. Me julguem, falem mal, fale pelas costas mas aceitem que nessa família de parentes loucos eu sou o apresentador, eu sou aquele que sabe das regras e os horários. Eu sei como as coisas funcionam e sei que tem consequências mas que se foda todas elas eu quero mais é ver o circo pegar fogo mas não quero ficar de longe, quero sentar e assistir de camarote, as chamas podem se espalhar e me queimar um pouco mas do que adianta reclamar? Vou ter sido a primeira fagulha da bomba-fase A.

    Se eu sou viciado em computador? Claro que sou, olhem como vocês me criaram! Olhem pra mim e vejam que cara otário. O Que sempre ficou protegido dentro de casa, do lado de dentro do portão. O Portão de grades que me separou da felicidade de brincar na rua e aprender a fazer novas amizades, é duro né? Mas saiba que isso foi bom pra que eu aprendesse a gostar do que eu não tinha. Não foi a ter inveja mas ser feliz em poder apenas ver. Por isso eu gosto de andar sem ter dinheiro pra gastar, fico contente em apenas observar. Não preciso ver um filme de comédia pra rir, basta eu ver um sorriso pra me animar.

    Computador, videogame e celular. Na minha prisão hi tech era o máximo com o que eu pude sonhar. Agradeço pois isso eu sempre tive - não o melhor - mas sempre o suficiente pra que eu fosse feliz e conseguisse a me ensinar o que eu não sabia, aprendi a descobrir o que eu queria, fuçei, quebrei, desomentei e olha só quem é que vai ganhar a vida trabalhando com computadores?

    Minha mente transcede em meio aos meus devaneios, eu olho pro tento e penso "Como será que eu continuo?" Essa eu sei responder sem ajuda de ninguém, é simples.
    Viver, aproveitar e não me importar com a paranóia familiar de sair de casa e nunca mais voltar.
    O que eu imploro é um espaço, uma chance, me deixe viver.

    Não estou me afastando de ninguém, não vou mudar quem eu sou, só quero que saibam que eu não aguento mais essa paranóia de viver como um camaleão, fora de casa eu sou quem eu sempre fui, dentro de casa sou apenas um artista fazendo o papel de um filho exemplar. Quero transparência mas não quero escutar. Quero que aceitem que eu não mudei apenas deixei aparentar como um veneno que mata lentamente.

    A outra paranóia que eu não entendo é a do perigo de morte, a de que o mundo é perigoso e se trancar em casa é a melhor saída pra não morrer. Me diz aí Vó, se trancar em casa para o tempo? Porque se pra morrer basta estar vivo escute o tic-tac do relógio, é a sua vida que a casa está comendo.

    Não sou um prisioneiro, sou pássaro de asas atrofiadas mas estou aprendendo a voar. Na hora certa eu vou embora mas não se preocupem pois eu amo a todos e ainda assim eu vou voltar, mas não vou chorar por ter ido sem avisar. Tenho que voltar, por mais que o circo não seja o melhor gosto de encenar...

    "É só questão de tempo, o fim do sofrimento"
    (Racionais Mc's - Vida Loka Parte 2)

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